O Presidente Eduardo dos Santos apostou tudo em António Luvualu de Carvalho como embaixador itinerante do regime. Hoje, na RTP, foi diversas vezes ao tapete. Só não foi derrotado por KO porque o seu opositor, José Eduardo Agualusa, é magnânimo e não quis ver um compatriota nessa posição.
N ão se sabe onde nasceu, nem isso é importante. Os pais estudavam na URSS. Dividiu-se entre Luanda e Moscovo, Minsk (Bielorússia) e Yarkov, na Ucrânia. Só em 1994, regressou definitivamente a Angola com a mãe.
Recordemos o artigo do nosso director, “E a bajulação resulta em compensação partidocrata”, aqui publicado no passado dia 3 de Outubro:
“O jovem aparecia de repente, invadia as nossas casas, através da emissão da TPA (Tudo Pode Acontecer), comentando tudo e todos, da propriedade da mandioca ao sexo do cão, bem como a política de “deusificada” do camarada arquitecto da paz, figura única, na miopia de alguns, sem o qual o Estado teria sucumbido. Era secundado pelo meu amigo, ainda que com alguma descrição, Norberto Garcia, também ele “pau para toda obra”, politicamente incorrecta.
E assim, como o vento leva para longe, a leveza dos objectos, António Manuel Luvualu de Carvalho foi bajuladoramente esvoaçando, mesmo boçalidades, acolhidas pelo séquito do Titular do Poder Executivo que endossavam para este, como tendo mais uma opção, disposto a estender elogios de forma cega e ilimitada, até mesmo transformar os monturos de lixo, espalhados pela cidade de Luanda, em frondosos jardins verdes.
E, como Dos Santos, ao longo do seu consulado; 36 anos de poder ininterrupto, sem nunca ter sido nominalmente eleito, seguir a fórmula de Norman Vicent de “preferir ser arruinado pelo elogio a ser salvo pela crítica”, acolheu no seu numeroso exército mais uns recrutas/bajuladores, nomeando, um, ilegalmente, como embaixador itinerante, violando uma disposição sua, anteriormente tomada e, mais grave, banalizando a carreira diplomática.
Como pode um menino, que nunca trabalhou na diplomacia, não faz parte dos quadros de carreira do MIREX, sem provas dadas, que justifiquem para lá da bajulação, ter uma ascensão meteórica, quando estão centenas de quadros; como ministros conselheiros, primeiros secretários, cônsules, etc., esperando promoções, sem horizonte e um estranho de repente, supera tudo e todos, por bajular?
Que tipo de gestão é essa? Ruinosa!
Só pode ter esse nome, por outro não se encaixar, ainda que queiramos ser benevolentes, face à intempestiva nomeação de Dom “Luvualu Bajulador de Carvalho”, pelo bajulado Eduardo dos Santos por demonstrar não ser, este último, “escravo das suas próprias decisões e palavras”.
Na qualidade de Titular do Poder Executivo, em Janeiro de 2015, disse ter “cancelado todos os concursos de admissão e promoção na Função Pública, devido ao défice fiscal no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, provocado pela queda do preço do petróleo” e que por via disso, não haveria, “admissões nem promoções na Função Pública em 2015, nem para contratos temporários”, tudo, posteriormente, reforçado pelo seu auxiliar, o secretário das Finanças, Alcides Safeca.
Num país sério de Direito Democrático estas nomeações partidocratas de “jobs for boys” e outros, na estrutura do Estado, em momento de crise e restrições, seriam, imediatamente, impugnadas tendo como substrato, a violação do princípio de igualdade, constitucionalmente consagrado no art.º 23.º, por onerarem financeiramente o Estado.
Como acreditar ter, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos ganho, de forma transparente, lícita e honesta, um prémio de boa governação, quando trata o Estado como colchão de acomodação partidocrata dos que o bajulam, onerando as contas públicas, com o acumular de mordomias; com residências, viaturas de luxo, guarda-costas, motoristas, pessoal doméstico, despesas de representação, etc., etc.
A nomeação aos 30.09 de António Manuel Luvualu de Carvalho, como embaixador itinerante, uma espécie de “pombo-correio” do Chefe de Estado em missões especificas, não só banaliza e viola o princípio da carreira diplomática, como demonstra um poder quase monárquico de Eduardo dos Santos que trata o Estado, como se fosse sua propriedade, pondo e dispondo-o discricionariamente, sob o silêncio cúmplice e cobarde dos membros do MPLA, da oposição e demais actores do Estado.
E nessa cultura arrogante, monárquica de privatização do Estado, o despesismo é o regabofe, sucedendo-se as violações passíveis de procedimento criminal, por quebra de lealdade, para com os eleitores, em nomeações, contrárias ao inicialmente prometido, tais como a de Gomes Sambo (quem diria), um ex-director regional da OMS-África, para secretário de Estado da Saúde ou ainda a de Faustino Muteka, que deveria ser apoiado a tratar-se clinicamente, ao invés de ser nomeado conselheiro do Conselho da República, quando tem património bastante, na Huíla, Huambo, entre outros locais, para prescindir das benesses inerentes ao cargo.